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O que consumimos está nos consumindo de volta: Como o caso Hytalo Santos escancarou o vazio cultural em que estamos mergulhados.

  • Foto do escritor: acolá ✦ estúdio criativo
    acolá ✦ estúdio criativo
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura

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O episódio de Hytalo Santos não mostrou apenas o lado sombrio da internet ou os bastidores das big techs. Trouxe à tona algo mais profundo: o vazio cultural que atravessamos.

Quando passamos horas acompanhando a vida de subcelebridades, não é só distração. É também reflexo de um cenário em que acesso a lazer, arte e cultura de qualidade virou privilégio.


Guy Debord já alertava em A Sociedade do Espetáculo (1967):

“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.”

Ou seja, quando a vida real nega experiências, a tela oferece simulacros que só aprofundam o vazio.


Zygmunt Bauman, em Vida para Consumo (2007), reforça:

“Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria.”

Não apenas escolhemos o que consumir — também somos moldados e vendidos como parte do jogo, descartáveis quando deixamos de ser úteis.


Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido (1968), já apontava a raiz:

“A grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos é libertar-se a si mesmos e aos opressores.”

Sem acesso à educação e cultura, seguimos alimentando uma engrenagem que lucra com a alienação.


É nesse contexto que a repercussão em torno do Felca importa: não só pela coragem individual de denunciar, mas pela urgência de recuperar a capacidade coletiva de questionar. Estamos realmente escolhendo o que consumimos — ou apenas aceitando o que nos empurram como desejável?


No centro desse debate está a infância.


Como lembra Ailton Krenak em Ideias para Adiar o Fim do Mundo (2019):

“Perguntar para uma criança o que ela quer ser quando crescer é uma ofensa. Como se ela fosse receber um crachá de ‘ser’ só quando adulta. Isso é apagar o que ela já é.”


Se queremos adultos conscientes, precisamos garantir infâncias mais livres de manipulação e mais ricas em experiências reais.

Não dá pra deixar que a internet dite como vivemos.


Precisamos confiar mais nas nossas convicções coletivas.


 
 
 

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